domingo, 10 de novembro de 2013

7 asneiras impronunciáveis constantemente pronunciadas. (ou "Oi Eric!")

1) A meritocracia é a forma mais justa de organização social.

Imaginemos que estamos em uma maratona. Nela, todos os competidores tem o mesmo ponto de partida e o mesmo ponto de chagada, seguem as mesmas regras e tem o mesmo objetivo. Neste sentido, a vitória, ou a derrota, viriam de acordo com com fatores como aptidão física, treinamento e superação pessoal, certo?
Não. Chegaremos lá.
Imagine a mesma corrida novamente, só que agora aqueles que são descendentes (filhos, netos, você entendeu) de antigos vencedores das edições anteriores terão sua linha de partida adiantada em relação ao percurso, digamos, em um km para cada vitória acumulada. Note que a cada vitória alcançada, a próxima fica mais fácil. Em algumas gerações, certos competidores partirão bem adiantados em relação aos demais. Mas está nas regras, então é justo.
E se você soubesse que a regra só se aplica a corredores cuja numeração comece com 1? E se nas corridas anteriores, estes mesmos corredores corressem armados, com salvo conduto pra sentar o dedo nos inconvenientes mais rápidos.
-Mas meu, ninguém é obrigado a correr nessa maratona!
Mais um dado. Muitos outros participantes foram coagidos a participar. Praticamente todos, exceto o clube do "1"...
Qualquer um que não dormiu nas aulas de História e Geografia na escola primária é capaz de entender essa metáfora.
Quanto à meritocracia no esporte, como prometido, os fatores econômicos influenciam diretamente em questões como qualidade de treinamento, quantidade de treinamento e etc. Empiricamente isso pode se notar nos quadros de medalhas das olimpíadas.
Nada além do óbvio aqui.

2) Comunista não come no McDonalds.

O comunismo prevê a estatização dos meios de produção, não a sua extinção. Neste sentido, numa remota e forçada hipótese de uma revolução comunista, o restaurante do palhacinho vai pra mão da ditadura do proletariado, talvez a marca desapareça mas a receita da comida, o maquinário, enfim, o que é necessário pra fazer o big mac, não vai sumir. Melhor ainda, o lucro extorsivo que vai pro dono da marca vai sumir. Isso vale pra tudo. Vestimenta, automóveis (embora um transporte público de qualidade seja o melhor), tudo o que é consumido. R$12,50 num lanche? Não, não precisa. Quer entender melhor, leia sobre o fetiche da mercadoria.

3) "Se você é comunista, tire a senha do seu wi-fi"

Essa frase vem da falsa ideia de que comunismo é igual a cu de bêbado. Entendam de uma vez: a divisão igualitária das coisas ainda pressupõe sua divisão. Nada nos ideários do comunismo diz que suas coisas não serão suas, ao menos enquanto você precisar delas. E isso já é um avanço pois só quem já teve a internet cortada por falta de pagamento sabe como um dia offline dói.
"Ah, mas não haveria banda pra todo mundo." Leia os itens 6 e 7

4) "O padre disse que os comunistas vão roubar a minha casa e eu vou morar na rua"
Você sairia da sua casa, talvez, se ela fosse desproporcionalmente maior que as suas necessidade. Talvez não haja, realmente, lugar pra ostentação num mundo comunista


Mesmo assim, você não deveria ir pra rua. Seria deslocado para algum local mais apropriado às suas necessidades. Sua mansão talvez se tornaria um hospital, orfanato, sei lá... Boa noticia pra casais que moram em kitnets de 26m²!

5) O comunismo é antidemocrático.
A experiência soviética foi, e não há nada que possamos fazer a respeito. Talvez o caso cubano também o seja. Assim como o governo liberal de Pinochet, no Chile, que depôs e assassinou Allende. Não quero recorrer à falácia "Tu Quoque". Partirei daí, mas duas questões me vêm quando vejo essa comparação.

Criticar alguém não o faz melhor. Para ser melhor deve-se, pasmem, ser melhor. E não, o capitalismo liberal não mata menos que o stalinismo, ou o governo Fidel. Neste sentido, muito além de criticar, é importante pensar junto em alternativas aos modelos prontos, formalizar essa discussão que não deve ser dicotômica. Essa é a unica alternativa verdadeiramente responsável e democrática a se tomar. Criticar somente A ou B é comodismo. Especialmente se você está entre a cruz e a espada.


Esperar que o governo se faça pronto é uma imbecilidade. "Meu líder comunista se tornou um ditador sanguinário, e agora #comofas//". Simples: Chute a bunda dele assim como chutaste a do burguês. Não, meu caro amigo, do sofá da tua casa nada será resolvido. Talvez não haja solução, mas a tua birra só te fode mais.

6) Não há recursos suficientes para atender a todos com equidade
Necessidade é diferente de vontade. Qualquer um que faça quinze minutos de pesquisa no google vai ver que no mundo é produzida uma quantidade muito maior de comida do que se é capaz de comer. Tem muito mais casa do que gente pra morar. Tem muito mais sapato do que pé. Os recursos humanos e as matérias primas pra fazer um Nike e um Mike são muito semelhantes. Na prática, nós precisamos de glicose e oxigênio pra fazer ATP. Todo o resto é lucro.

7) Sem competição não existe avanço tecnológico

Duas respostas aqui:

Quem precisa de mais avanço tecnológico? Exceto por áreas estratégicas, em especial a medicina, o ser humano vai muito bem, obrigado. Até demais, se relacionarmos nosso bem estar à saúde do planeta. O capitalismo, nesse sentido, apresenta muitos entraves. O avanço tecnológico capitalista está relacionado diretamente às suas diretrizes, em especial à necessidade de consumo pra retroalimentar o sistema financeiro. Com isso, o avanço da tecnologia está abraçado ao conceito de vontade, utilizando como "motor" o fetiche da mercadoria. Já disse acima, mais de uma vez, que ninguém precisa de um iPad pra viver.

Quem disse que sem competição a criatividade humana morreria? Veja: eu não deixaria de gostar de videogame num mundo comunista, e tudo isso, essas novas demandas sociais da modernidade, bem como as que surgiriam, perderiam apenas seus aspectos econômicos. Não vejo, pra dar um exemplo bem "Regina Casé", porque o Neymar iria jogar pior no comunismo. Obviamente ele não receberia a quantia astronômica que recebe hoje, mas, com a paridade econômica, a distinção dessa natureza ia, aos poucos, perdendo o sentido. Talvez ele iria jogar tanto, ou mais, pelo status, pela fama, ou até mesmo pelo desejo de fazer aquilo que gosta. E ninguém ia morrer de fome...

8) "Mas essa é a minha opinião"

É mesmo?

FODA-SE

Civilização ocidental representando, truta. Milhares de anos de filosofia, de estudo e de pensamento, pro meninão da Vó achar que tem direito de falar o que vem a cuca e sair portando auréola? Na real, vou bater na tua casa cobrando o IAG (Imposto pro Amigo Gordo), porque eu penso que ele existe. Quer dar a opinião, dê, mas suporte as críticas. A postura de se esconder atras do direito inviolável da opinião pessoal é mimada e frouxa. É meu direito inviolável de expor idéias idiotas ao ridículo, sempre que me sobrar tempo e disposição.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Gramsci, Marquecismo cultural e por que as pessoas são burras Parte 0,5

Buembas

O Brasil vive em uma ditadura comunista. Nossas mentes são dominadas por imposições culturais de esquerda, como o funk ostentação, com o objetivo de destruir valores fundamentais da liberdade, como por exemplo a família, a religião e o livre mercado. Com a palavra, Sérgio Malandro:


Discutamos sobre o depoimento de um estudante direitoso:

Caro professor,
Como o senhor deve saber, eu repudio o filósofo Karl Marx e tudo o que ele representa e representou na história da humanidade, sendo um profundo exercício de resistência estomacal falar ou ouvir sobre ele por mais de meia hora. Aproveito através deste trabalho, não para seguir as questões que o senhor estipulou para a turma, mas para expor de forma livre minha crítica ao marxismo, e suas ramificações e influências mundo afora. Quero começar falando sobre a pressão psicológica que é, para uma pessoa defensora dos ideais liberais e democráticos, ter que falar sobre o teórico em questão de uma forma imparcial, sem fazer justiça com as próprias palavras.

Muita pressão psicológica! Imagina um estudante de universidade privada, branco, provavelmente heterossexual o quanto sofre! Vamos ver a imparcialidade em ação!

Me é uma pressão terrível, escrever sobre Marx e sua ideologia nefasta, enquanto em nosso país o marxismo cultural, de Antonio Gramsci, encontra seu estágio mais avançado no mundo ocidental, vendo a cada dia, um governo comunista e autoritário rasgar a Constituição e destruir a democracia, sendo que foram estes os meios que chegaram ao poder, e até hoje se declararem como defensores supremos dos mesmos ideais, no Brasil.
Não sou PTista, mas a direita precisa se decidir: A Dilma é fraca ou autoritária? Aliás, vamos ponto por ponto nessa papagaiada:

Onde Gramsci defendeu as privatizações, marcantes na gestão tucana e continuadas na gestão petista?
Se o "projeto comunista do PT" fosse autoritário o nosso amigo Bobolsonaro já tinha ido pra vala, pra onde a corja dele mandava uma galera na época dos AI.
O PT chegou ao poder pela democracia. 3 vezes.
 Outros reflexos disso, a criminalidade descontrolada, a epidemia das drogas cujo consumo só cresce (São aliados das FARCs), a crise de valores morais, destruição do belo como alicerce da arte (funk e outras coisas), desrespeito aos mais velhos, etc.

A criminalidade não tem nada a ver com exclusão social? O moleque que leva o teu aifone e te esculaxa ta pensando em um mundo de consumo do qual ele não faz parte ou na ditadura do proletariado? Manchete do dia: arrastão em Copacabana termina com o hino da internacional. "De pé, ó vitima da fooooooooooome"
Cabe aprofundar: 1 - não, bandido não é vítima. Antes de qualquer ato existem escolhas éticas e questões morais. No caso do celular o desejo superou a necessidade, ou se confundiu com ela. 2 - Entretanto, num mundo onde te jogam na cara, 24 horas por dia que você não é nada sem uma lupa da Ócrei, o fato se torna comum. O estímulo visceral e exagerado ao consumo vai jogar nas pessoas uma decisão que não deve ser naturalizada. Ninguém precisa de um óculos sem grau de $1500 pra viver, mas a propaganda discorda.
Vamos ao belo como alicerce da arte:

O funk é um produto. A música em geral, hoje, é produto. Na lógica do capital, qualquer merda é produto. Nesse sentido, o funk se insere na lógica do capital. E o conteúdo? vejamos:

"Bolso esquerdo só tem peixe,
O direito ta cheio de onça,
Ai meu deus como é bom ser vida loka."

"
Mas ele passo de xt na curva chamo no grau
E nas balada chique eu ja vo fala pra tu
Bebe bem gelado whiski com red bull
E no fim de semana ele passa com um golfão
Com as roda aro 18 cromada maó estilão
Solto a suspensão rebaixo jogo no chão"

 Preciso falar? Lógica liberal pura.

Tudo isso sintomas da revolução gramscista em curso no Brasil. A revolução leninista está para o estupro, assim como a gramscista está para a sedução, ou seja, se no passado o comunismo chegou ao poder através de uma revolução armada, hoje ele buscar chegar por dentro da sociedade, moldando os cidadãos para pensarem como socialistas, e assim tomar o poder.

Como será que o capital se tornou hegemônico?

 Fazem isso através da educação, o velho e ‘’bom’’ Paulo Freire, que chamam de ‘’educação libertadora’’ ou ‘’pedagogia do oprimido’’, aplicando ao ensino, desde o infantil, a questão da luta de classes, sendo assim os brasileiros sofrem lavagem cerebral marxista desde os primeiros anos de vida.

Paulo Freire acaba de ter uma diarreia. Sim, mesmo morto. Parênteses de professor chato aqui. FILHO DA PUTA nunca entrou numa escola pública na vida e vem dar pitaco. Fala merda demais. Dormia na aula de história no colégio particular e vem criticar produção historiográfica, metodologia de ensino e o escambau. 

 Em nosso país, os meios culturais, acadêmicos, midiáticos e artísticos são monopolizados pela esquerda a meio século, na universidade é quase uma luta pela sobrevivência ser de direita.

E na favela a luta é pela sobrevivência mesmo, literalmente. E a produção cultural é mercadoria, num livre mercado, isso prova que a direita só faz merda que ninguém compra. Aliás, os direitosos compram a Veja.

Agora gostaria de falar sobre as consequências físicas da ideologia marxista no mundo, as nações que sofreram sob regimes comunistas, todos eles genocidas, que apenas trouxeram miséria e morte para os seus povos. O professor já sabe do ocorrido em países como URSS, China, Coréia do Norte, Romênia e Cuba, dentre outros, mas gostaria de falar sobre um caso específico, o Camboja, que tive o prazer de visitar em 2010. Esta pequena nação do Sudeste Asiático talvez tenha testemunhado o maior terror que os psicopatas comunistas já foram capazes de infligir sobre a humanidade, primeiro esvaziaram os centros urbanos e transferiram toda a população para as zonas rurais.
As estatísticas apontam para uma porcentagem de entre 21% a 25% da população morta por fome, doenças, cansaço, maus-tratos, desidratação e assassinadas compulsoriamente em campos de concentração no interior. Crianças também não escaparam, separadas dos pais, foram treinadas para serem ‘’vigias da Revolução’’, denunciando os próprios familiares, quando estes cometiam ‘’crimes contra a Revolução’’. Quais eram os crimes? Desde roubar uma saca de arroz para não morrer de fome, ou um pouco de água potável, até o fato de ser alfabetizado, ou usar óculos, suposto sinal de uma instrução elevada. Os castigos e formas de extermínio, mais uma vez preciso de uma resistência estomacal, incluíam lançar bebês recém-nascidos para o alto, e apanhá-los no ar, utilizando a baioneta do rifle, sim, isso mesmo, a baioneta contra um recém-nascido indefeso.

Não precisa fazer viagem internacional pra ver as mazelas do capital. Como eu já escrevi, tudo é mercadoria, inclusive saúde. Quantos não morrem por não terem grana pra comprar um remédio que é propriedade privada de um grupo de pessoas saudáveis? E o mais cruel é que isso é naturalizado para muitos. Furar bebês com baionetas é mais feio. Aparece mais. 

Bem, com isto, acho que meu manifesto é suficiente, para expor meu repúdio ao simples citar de Marx e tudo o que ele representa. Diante de um mundo, e particularmente o Brasil, em que comunistas são ovacionados como os verdadeiros defensores dos pobres e da liberdade, me sinto obrigado a me manifestar dessa maneira, pois ele está aí ainda, assombrando este mundo sofrido.
MULA

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Haters gonna Hate - Falemos de FUTEBOL

Antes de mais nada, uma imagem para que algumas coisas fiquem claras. Talvez isso possa gerar interpretações equivocadas, mas vamos ajudar a enfiar o sofisma no cu.

Demarcados os territórios, vamos falar de futebol.

Recentemente um jogador da Scória Cretina Cocorinthians Paulista se envolveu em uma polêmica ao publicar na rede uma foto com, segundo ele, demonstrações socialmente inusitadas de amor fraterno (de uma sociedade de merda, fique claro). Após manifestações de torcedores, nobres bacharéis, numa segunda feira à tarde (trampar nem fodendo, né çangue?), o jogador respondeu pedindo respeito, igualdade e discernimento. Palmas. Só que não.
Como entidade, a Scória Cretina Cocorinthians Paulista definiu-se como o time do povo, do iletrado, da galera, do Lula... Neste sentido, em partes, ela segue o discurso deste público, que eu vi ser definido muito satisfatoriamente estes tempos (Salvo melhor lembrança, por Vladmir Safattle no provocações). Pobremente é assim: embora a força das circunstancias traga a convivência quase forçada, mas na prática democrática, o discurso é extremamente o oposto. É o "nada contra o viado, mas meu filho não". Deixo claro que isso não é exclusivo do povão, mas no fim das contas é de se esperar que a falta de oportunidades não favoreça a visão crítica sobre o outro. Que seja. Se o Florinthians não é abertamente homofóbico, ao menos não faz nada em relação ao problema. Em certos casos até estimula a "brincadeira sadia entre os torcedores". Ai encontramos a primeira unha encravada. Frente ao fato, o clube não se pronunciou. Ficou observando "por cima do muro". E o muro, caríssimos, como conta a fábula cristã, é do capeta. Puta hipocrisia também do torcedor médio, que costuma se refastelar com piadinhas de sampaulino (a grafia está certa, tenho provas) viado, que não viu o próprio rabo e agora tá sem graça.
Juca Kfouri. A algum tempo, em algum lugar onde ele escreva, apareceu um texto propondo que o São Paulo, em nome do exemplo social, adotasse o mascote bambi, simbolizando a visão progressista tão necessária à sociedade. Da escória? Até agora, que seja do meu conhecimento, só uma fotomontagem sem vergonha. Com o perdão da ironia, ser liberal no cu dos outros é refresco.
Mas não é apenas somente isso. Hoje, com tendencias novelescas, o protagonista dessa cretinice voltou para o armário cantando "a volta do boêmio". Relinchou

"Peço desculpas aos que se sentiram ofendidos pela brincadeira que fiz com um amigo. Não tive a intenção de ofender ninguém e muito menos a nação corintiana. Vou continuar honrando a camisa corintiana assim como tem sido nos últimos anos. Vai Corinthians!"  

"Não poderia ter feito isso, foi sem intenção, mas jogo em um clube de futebol, em um mundo cheio de rivalidades e provocações, qualquer comentário é motivo de chacota". 
"Lamento se ofendi a torcida do Corinthians, não foi a minha intenção. Foi só uma brincadeira com um grande amigo meu, até porque eu não sou são paulino".

E agora, fiel torcida? E agora ativistas gays? E agora fieis ativistas gays?

É óbvio que qualquer debate sobre a relação entre homossexualidade e esporte vai a lugar algum. Muito antes disso, é necessário que exista um debate sobre a homossexualidade, e que ele chegue a algum lugar.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Síndrome do pequeno poder (Se me derrubar é penalti) - Parte II

Comecei este texto de uma maneira diferente, mais didática, tentando discutir conceitos, mas falhei miseravelmente, não por falta do que dizer, mas por conta de que o tipo de linguagem não expressa, ao menos de uma forma fiel, as frustrações envolvidas naquilo que me levou a escrever. Por outro lado, algo que expressaria de forma perfeita seria um singelo "vai tomar no cu", e, realmente, será necessário algum esforço para não parar por ai. Mas chega de metalinguagem. Vamos ao que interessa.

Esses tempos apareceu em minha casa uma tirinha, que em muitos pontos será útil:


Algo que tenho em comum com Sócrates é o fato de ser chato pra caralho. Em um teste na faculdade fui definido com o perfil "analítico" e sem presunção alguma, acho que ele me cabe bem. Muito mais que um interesse pessoal nas coisas eu gosto de criar regras para explicar as coisas que acontecem, tentar deduzir a mecânica, em especial daquilo que me afeta. Gosto particularmente das relações sociais. Pra certos pontos adquiri algum conhecimento em métodos, mas na maior parte das coisas eu falo merda mesmo, conscientemente. 
Dentre as relações que me intrigam, uma das principais é a síndrome do pequeno poder. Na minha opinião, toda forma de estratificação, de opressão, em qualquer nível, é síndrome do pequeno poder. Tem doutorado mas faz coco igual a qualquer um? Então ponha-se no seu lugar. Presidente dos Estados Unidos? Come uma coxinha estragada pra ver sua real importância. Deu pra entender? Não que eu seja absolutamente avesso a hierarquia, em especial quando ela faz as coisas funcionarem melhor. Veja bem, hierarquia é uma relação entre sujeitos iguais em funções diferentes, em uma sequencia democrática de organização e tarefas definidas, pra um fim específico. Mesmo nas "comunidades tradicionais" ela existe. O indígena mais experiente orienta os mais novos na caçada. Marx, mesmo morto, acaba de ter um derrame. Foda-se. Opressão é outra coisa. Opressão pressupõe que o limite da liberdade alheia seja ultrapassado. Como diria vovó, quem quer faz, quem não quer, pede.
Mas o que a educação tem a ver com esta merda? Tudo lindão. E isso é preocupante pra caralho, devido ao papel ATRIBUÍDO a ela na nossa sociedade. Cabe a pausa: a educação é superestimada, mas depois falamos nisso. Vejamos a cadeia da opressão na educação. O governo, interessado em índices (muitas vezes tirados da cartola ou forjados nas universidades) oprime o sistema educacional. O supervisor oprime o diretor, que oprime o coordenador que oprime o professor que oprime o aluno, que no fim das contas é o único que não escolheu estar ali. O currículo (também forjado nas universidades) oprime o sistema educacional. Engraçado lembrar que o professor veio da universidade. É uma putaria. É isso a tal "pedagogia do oprimido"?
E isso nos remete novamente a finalidade da educação: ensinar! Não, não é, sob uma perspectiva lógica. Como é que alguém pode definir o que deve (e por consequência, o que não deve) ser aprendido?  O que define a utilidade de um conhecimento na subjetividade da vida de alguém? O próprio fato de eu me prostrar na frente de um aluno, durante um número determinado de dias, etc, etc, dizendo aquilo que ele deveria, segundo a minha percepção, saber, não é opressor? Dar nota! Olha que merda estamos fazendo com nossas crianças! É imoral levar seu filho para a escola. Toda essa noção parte do pressuposto de que existe um padrão a ser seguido, os tais conhecimentos mínimos para se enquadrar na sociedade, ou, em outras palavras, para dar sequencia a esta embosteada toda. Não haverá nenhuma mudança na sociedade que não passe pelo fechamento e proibição de todas as escolas (ao menos no modelo que aí está).
A solução? Tenho um palpite. Voltemos à Grécia. Voltemos à academia grega. O homem é curioso por natureza. Voltemos a Sócrates.

sábado, 3 de agosto de 2013

Estudos Aplicados de Antropologia à Moda Caralha: O Chato



Introdução

Sou uma pessoa paciente e otimista. Apesar de uma certa pose, tenho a tendencia geral de demorar em demasia para aplicar o amor próprio e mandar alguém tomar no cu por mérito. Em certos casos, na maioria esmagadora, isso não acontece e não creio que acontecerá (o que significa que posso estar falando de você). Dia desses, exercitando a minha bondade, surgiu a necessidade imperativa de redigir o que segue, seguida da preguiça que trouxe a demora para isso. Enfim, decidi mudar o tema geral do blog durante essa postagem, que tratará de estudos fundamentados em duas décadas e meia de profundas pesquisas antropológicas com base no puro achismo e nas experiencias pessoais desta mula que vos escreve.

Características Gerais

A chatice é uma característica presente em toda a humanidade. Todo ser humano tem o seu lado chato, que se apresenta em determinados momentos, através de uma série de comportamentos definidos socialmente como inapropriados. Esta definição é sobretudo subjetiva, o que impossibilita uma análise mais aprofundada e uma definição mais sólida. Determinadas realizações poder ser e não ser chatas, variando conforme o vetor, o ambiente, o contexto, etc. Não é sobre isso que a discussão presente tratará. Para além do comportamento chato ocasional, existem aqueles que fazem da chatice uma realidade objetiva. Se houver, e aponto a hipótese a ser estudada por profissionais competentes, uma razão inatista para a chatice, apontamos para sub-espécies humanas (homo sapiens vidulus), que batizarei a seguir.
Como um bom observador percebeu, não existe apenas uma modalidade de chato. Ainda assim, algumas características são comuns a todos os arquétipos, o que sugere diretamente a relação que os define como chatos:

- Os chatos causam profundo mal estar. Esta é a característica fundamental do chato, cuja existência é definidora do diagnóstico. Segundo o Centro Brasileiro de Estudos Holístico-Sociais (CBEHS - pronuncia-se kbearhgsf) o fator causador deste fenômeno se relaciona à aura alaranjada que causa ressonância com os chakras, desestabilizando o controle psicológico do indivíduo. Tal fenômeno mostra-se presente em especial em distâncias entre 100 e 30m, quando áreas do cérebro responsáveis pelo processamento da linguagem são prejudicadas (é este o motivo pelo qual, ao avistar o chato chegando a tendencia é dizer algo como "Ah não. O que este filho da puta está fazendo aqui") e seu ápice se dá a parir do contato social direto.

- Os chatos dominam formas inconscientes de hipnose. É esta a razão pela qual não se consegue dispensar um chato. Os demais indivíduos tem graus diferentes de resistência à esta habilidade mas ninguém fica completamente imune. O processo se dá pelo estímulo ao sentimento de culpa da vítima e por uma promoção de um retardamento mental. Assim, a vítima se sente obrigada a justificar a sua atitude negativa em relação ao chato e tem severas dificuldades em inventar motivos. Neste caso, mostram-se comuns frases como "preciso ir porque deixei minha carpa sozinha em casa".

- Os chatos são caçadores específicos. Eles, baseados em suas habilidades inatas, sabem escolher suas vítimas dentre os mais suscetíveis, de forma a causar o maior dano no maior tempo possível. Isso sugere uma característica evolutiva clara na chatice.

- Os chatos tem sempre tempo, assunto e disposição. Acredita-se que isto se deve ao fato de o chato absorver de suas vítimas tais bens imateriais.

Espécies de chato 

Homo Sapiens vidulus-babysaurus

O primeiro tipo de chato a ser tratado é o chato babysauro. Este chato pode ser também chamado de chato inocente ou falso gente boa. Seu lema de vida é "você tem que me amar" e é esta a característica principal de sua chatice, baseado em um profundo egocentrismo e uma visão pessoal patológicamente positiva. Parte-se do princípio de que não há um motivo inicial para odiar este chato. Segundo a lógica sofismática maniqueísta presente nesta espécie, por consequência direta ele é merecedor de sua amizade. Mais ainda, é pressuposto deste chato que esta amizade sincera e forte já existe. Como é recorrente com este tipo, surgem assuntos inapropriados, confissões sinceras, pedidos de favores e em casos críticos, de dinheiro.

Homo Sapiens vidulus-fluminensis

Ha muita confusão entre o chato babysauro e o chato janeiropolitano, mas as diferenças são claríssimas. Enquanto o primeiro é inocente, o segundo é claramente motivado pela vilania. Seus métodos são extorsivos, baseado em uma visão pessoal de poder, pelas quais ele busca vantagens. Sua atenção é a meta, mas no caminho qualquer coisa que ele puder obter é pleiteada. Atenção fumantes: vocês são vítimas em potencial desta espécie. Seus métodos são baseados também em uma ilusão de amizade, mas neste caso existe uma relação fantasiosa de poder ou de dívida.

Homo Sapiens vidulus fila-busu

Esta é uma espécie muito especial de chato, pois seus métodos de "caça" são muito diferenciados. Este é um chato oportunista, que costuma frequentar locais específicos em busca de suas vítimas que, na maior parte das vezes, são ocasionais. Utilizando seus apuradíssimos sentidos e prostrando-se em filas, pontos de ônibus e praças com grande circulação de pessoas, o fila-busu encontra os indivíduos menos resistentes e inicia, a revelia de quaisquer resistências, um assunto. Quando a vítima percebe, está assistindo uma palestra sobre as relações familiares de pessoas cuja existência foda-se, ou algo do tipo. É importante ressaltar que este contato gera hipinoticamente uma relação com o chato, abrindo precedentes para que em um outro encontro ocasional exista novamente o ataque. Dados sugerem que a idade tende a aperfeiçoar a habilidade do fila-busu.

Homo Sapiens vidulus-ista

Em tempos democráticos, o desenvolvimento da chatice do ista tem se alastrado. Este chato é qualquer coisa-ista: comunista, pagodista, punhetista, embora a chatice não resida na qualidade e sim no grau. Assim, escolhida a característica do chato ele passa a adotar comportamentos alucinados  e repetitivos em relação ao seu objeto de adoração, tornando-o sua única fonte, motivo pelo qual também é conhecido como chato-triângulo (em referencia ao instrumento de uma nota só). Além disso, este chato tende a ser radical e polêmico nas opiniões sobre seu assunto, as quais ele faz questão de enunciar de forma sistemática o maior número de vezes possível. Este é um tipo tão perigoso que, por vezes ocorre de dois membros ista com temas opostos se encontrarem engalfinhando-se em debates cujo alcance e finalidade são até hoje um mistério. São facilmente encontrados em movimentos sociais, torcidas organizadas e na internet, mas podem estar em qualquer lugar.

Homo Sapiens vidulus-S Claus

Eis o famoso chato papai noel. Absolutamente nada que sai da boca deste chato é verdade. Embora a mentira seja um comportamento social não aceitável, não é este o problema desta espécie. Suas mentiras são tão óbvias que até um babuíno perceberia, e, na maior parte das vezes são inofensivas. Sua chatice tem base exatamente no fato de a mentira ser constante e repetitiva, ocasionalmente acompanhada de sinais físicos que denunciam mais ainda a atitude surrealista.

Homo Sapiens vidulus-competidor

Esta é uma especie de chato capaz de causar danos profundos à consistência escrotal da vítima. Seus métodos são, até certo ponto, parecidos com os demais  mas a sua chatice define-se sobretudo na capacidade de fazer comparações que envolvem praticamente tudo. Assim, o vidulus-competidor imagina-se como um super-homem, e vê o mundo como uma gigantesca gincana, onde sua necessidade patológica de atenção se demostra através de uma busca por admiração. Desta maneira, este chato sempre é melhor ou tem mais que você. Uma das poucas táticas de defesa contra os chatos já desenvolvida se refere a este tipo: diga-lhe que comeu 100g de merda. A mitomania também é um traço que se mostra forte neste chato, já que muitas vezes ele utiliza-se da criatividade quimérica para justificar sua fantasiosa superioridade. Este fato faz com que ele seja considerado por alguns como uma derivação do S Claus.

Homo Sapiens vidulus-multi

Esta subespécie perigosa combina e multiplica as habilidades e a chatice de duas ou mais subespécies de chato.

domingo, 19 de maio de 2013

O buraco é mais embaixo, MAS (ou "cala a boca, mula" parte I)

http://tvuol.uol.com.br/assistir.htm?video=juiz-diminui-crimes-cometidos-por-menores-no-interior-de-sp-04020D9A3660D8A14326&tagIds=1793&orderBy=mais-recentes&edFilter=editorial&time=all

Não encontrei link no youtube, então clique e assista antes de ler.

Vamos aos fatos: Sim o método é antiquado. Mas vamos à metáfora. Você é destro e está apertando parafusos com a mão direita. Em algum momento, sentirá algum cansaço e, instintivamente, tentará usar a esquerda. Não dá certo. Você:

a) Insiste em usar a mão esquerda, porque ela é melhor.
b) Insiste em usar a mão esquerda, faz um torniquete pra enfraquecê-la mais ainda e depois diz que a culpa é da mão, como se ela não fizesse parte do corpo governado pelo cérebro.
c) Se desespera, faz birra e chora.
d) Volta a usar a direita.

Se você for muito burro, ai vai uma dica: a resposta certa aparece três vezes na sigla "DDD". A resposta "B" é ridícula e absurda. Mas é a resposta que os nossos gestores educacionais escolheram. Mulas? Não! Muito espertos. Eu volto aqui dia desses e explico.

Embora a questão seja mais profunda, eis algumas considerações rasas como um pires.

Regra é regra e a regra é clara. O pai que não se responsabiliza pela educação do filho está errado. Esse papo de "eu não posso com ele" deveria dar cadeia por abandono intelectual. Tá na lei, porra!
Mas então, por que a lei não é cumprida? Eu vejo um motivo: a preguiça justificada.
O tal juiz é da magnífica cidade de Fernandópolis. Não tenho absolutamente nada contra a cidade ou contra qualquer um de seus doze habitantes. Só que as cidades onde o problema é maior, tendem a ser grandes também. Imaginem a demanda do conselho tutelar paulistano. Dos juízes da infância de Santos. São grandezas de outra magnitude (ui). Aí, o atendimento é meia boca mesmo. Isso quando o atendimento é, porque, muitas vezes, não é. Como não da pra atender todo mundo, as vezes a escolha é não atender ninguém! Isso é justiça na preguiça!  Como eu venho dizendo: O problema da educação já estaria resolvido se fosse da educação, e não estrutural. Salve-se quem puder!

Mas existem aqueles que escolheram a "C". É divertido, porque estes são os que ainda vêem luz no fim do túnel, mas como essa luz é fruto da imaginação deles e não existe de fato, eles reclamam. Não sabem pra onde ir, mas não aceitam que se retorne ao passado que, capenga, funcionava. Dizem de quem pensa: são reacionários! Não comem no MacDonalds pra não financiar o capitalismo! AH! CALA A BOCA, MULA!

Mas o maior erro é cometido por todos, vaza pelas portas e janelas, toda vez que professores e gestores se encontram pra planejar, discutir, comer rosquinhas ou dançar frevo. Nesses momentos, todos, sem acreditar, sabendo do erro, escolhem a resposta "A". Ficam todos esperando o primeiro falar contra. Com alívio e com medo. Alivio viria de, enfim, enfrentar a verdade. Medo da perseguição, da discussão, da falta do bônus, de serem chamados de reacionários. Ficam todos quietos, mas em suas mentes, sublime, paira, como uma canção de ninar em uma noite de inverno: AH! CALA A BOCA, MULA!

quinta-feira, 16 de maio de 2013

O barco furado (ou "A educação serve pra nada" Parte II)

"Pode ser que o modelo educacional tradicional e arcaico seja falho, porém acho que o liberalismo (a parte social) tende a ser confundido com libertinagem, levando a um caos que apenas distorce os parâmetros básicos de comportamento e aprendizagem.
Creio que o ÚNICO caminho para um aprendizado literal é a retidão e disciplina.
O comportamento humano exige repetições para aprender algo e parâmetros para comportamento social. Por isso os orientais se sobressaem em muitos aspectos, possuem uma retidão irrepreensível e valores que há muito (se já tivemos isso nesse país-prisão) não são sequer citados, como honra, família e etc.
Aqui, simplificam os conceitos para controle geral, nivelam por baixo e os distorcem sob a desculpa de que "o mundo está mudando, temos de mudar com ele". A educação era melhor na Ditadura, por pior que possa ter sido"


_____________________________x_____________________________

Eu poderia ter continuado a discussão pelos comentários, mas os pontos a se discutir são tantos que não seria o suficiente. Apesar de que, na verdade, nada aqui passará de bobagem.

_____________________________x_____________________________

Parte I - Japão

A revolução educacional japonesa ocorreu na era Meiji. A história a seguir é um resumo fidedigno dos acontecimentos. Ao menos a conclusão é.

O Imperador Japonês João Meiji estava entediado. E quando ele ficava entediado, ele gostava de fazer a única coisa que dava pra fazer naquele país minusculo: pescar. Ele então fechou o seu projeto (algo sobre colocar carpete no país todo. Ia ficar meio caro, uns 200 reais, mas o problema é que ia molhar a borda toda), pegou sua vara, umas minhocas, a bicicleta e foi para o outo lado do país. À beira do oceano, duas horas e meia dizia de carpas depois, avistou ao longe uma embarcação um tanto inusitada. Ela tinha uma bandeira com listras e estrelas, estava forrado de canhões, mas o mais estranho era o seu formato: Parecia um pênis ereto.  Aproximando-se, desceram da piroca oceânica alguns homens com um papel, e estes se dirigiram ao imperador e leram o documento, que dizia o seguinte:

Art. 1 - O bátima é viado
Art. 2 - O Japão está convocado para uma suruba.
§ 1 - Só haverá uma fêmea na suruba.
§ 2 - O Japão fará o papel de fêmea na suruba.

Naquele momento João Meiji tirou da necessidade um objetivo: Seria violado, mas seguiria os passos de seus torturadores. Os imitaria totalmente, e, quem sabe, seria convidado para a próxima, em condições mais favoráveis. Investiu fortemente nesse intento, comprou armas melhores, importou silicone e colocou os roceiros para estudar. Foi tão bem sucedido que conseguiu até se vingar do Czar russo, único a não telefonar após o multi coito.

Sabe como isso foi feito? Fácil. A população do Japão já estava acostumada a obedecer os seus líderes. Sei lá o motivo. Talvez seja biológico, talvez cultural. Mas a cultura da obediência PRECEDIA e foi a CAUSADORA do sucesso educacional japonês. A questão é que só houve educação porque ANTES já existia retidão e disciplina. Fica aí o paradoxo: só se ensina com retidão e disciplina, mas como se ensina retidão e disciplina? Em resumo, por melhor (?????????) que tenha sido, a educação da ditadura não ensinou a retidão e a disciplina. No máximo, controlou momentaneamente através da violência (Sou contra a violência, que fique claro), mas, quando olhava para o outro lado a putaria continuava. Porque estamos no país da putaria. Se o Japão tem um motivo para ser uma potência hoje, talvez ele se deva menos à educação e mais à capacidade do povo de obedecer. Muito provavelmente, por conta desta característica, o Japão também seja um dos países mais tristes do mundo.

_____________________________x_____________________________

Parte II - Indo a lugar nenhum

A educação está cercada de mitos. Neste sentido, ela se aproxima mais da religião do que a razão que ela ostenta permitiria. Vejamos: Qual é o único caminho para a verdade? Para um futuro distante e perfeito? É claro que é Deus!

Vamos seguir, ainda que de longe, os caminhos da educação formal: Surgiu num contexto de fortalecimento do estado nacional europeu e para este fim. Olhe o currículo: Fale sua língua materna (ou a língua que o governo diz ser a materna), Conheça o espaço físico de sua nação. Saiba quem são os heróis do passado de sua nação (que não existia a cinco minutos)... Tudo construído com base no interesse de criar um povo para os governantes governarem.

Chegamos então à um momento onde os governantes entenderam que, na realidade, não precisavam de um povo para governar. Em momentos adversos, bastava jogar uma bola, baixar a porrada ou outro método cheio de criatividade. Tantas opções!

Mas, na mesma medida em que um povo era um incomodo, ele era uma mal necessário. Pelo menos ele produzia dinheiro. Entra ai no currículo a preparação pra esses vagabundos conseguirem trabalhar em qualquer coisa que não fosse a roça: O acesso ao conhecimento científico, o domínio da matemática...

Mas, nessa meiota, ali, num canto escuro onde alguém tinha acabado do se masturbar do século XIX, alguém teve a revelação. Uns dizem que foi um anjo, outros que foram os lobisomens. Eu estava longe e ninguém pode provar nada. Surgiu a ideia do que o messias do mundo era a educação. Lógico que, pra quem importa, essa ideia se manteve na posição ridícula que lhe era de direito. Mas teve uma galera que acreditou, e, aparentemente era útil manter as aparências. E a ideia foi ficando mais forte, embora ninguém conseguisse dizer exatamente como uma coisa se ligava a outra. De que forma a análise sintática salvaria o país? Responda sem gaguejar.

Voltamos ao conteúdo. Falarei sobretudo da escola pública. Hoje, saber essas merdas é desnecessário para uma grande maioria. Um robô faz o serviço de dez peões. Meia duzia de técnicos (leia-se pessoa treinada em uma função básica (ciborgue)) e a fábrica vai de vento em popa. Melhor de tudo se os técnicos não pensarem muito.  Proponho aqui um desafio: quem, caralhos, usa mais de 30% do que aprendeu na escola básica (em especial a segunda etapa do ensino fundamental e o ensino médio) na profissão que escolheu?

 Mas o conhecimento deveria bastar por si. Deveríamos, talvez, estudar para não sermos mulas, e não para se encaixar no projeto político do momento. E isso passa, necessariamente, por não seguir o modelo imposto. Fechem as escolas! Matem os professores! 

Sorte minha que ninguém vai ler isso aqui!

terça-feira, 14 de maio de 2013

Síndrome do pequeno poder (ou "a educação serve pra nada", parte I)

Vivemos no país do jeitinho. Essa é uma cultura escrota de um país escroto. Vou explicar a minha definição completa da sentença. Nosso país escroto é escroto e injusto. Aqui, ao contrário do primeiro mundo, a vida não é fácil pra ninguém. Game over é game over e não tem continue. Nos EUA, por exemplo, nego chega atrasado no trabalho e é mandado embora. Depois de várias dessas, ele vai pro emprego mais escroto conhecido por lá: caixa do MacDonalds.
Só que lá, no primeiro mundo, o caixa escroto do MacDonalds ganha o equivalente a 2000 reais por mês. MAIS DO QUE O PORRA DO PROFESSOR QUE VOS FALA!
Aqui não. Não dá pra maioria pagar uma multa de trânsito sem comprometer em algum nível a renda familiar. Aí, compensa mais molhar a mão do guarda. Uma lição que o brasileiro aprende desde pequeno é "em chuva de piroca, pega a menor e senta". E isso se aplica a tudo. É a política do mal menor. Do menor esforço. Gasta-se maior tempo pensando na desculpa a ser dada do que tentando fazer a coisa certa.

Aí entra a educação, que, no meu caso, importa

Como educar nossas criancinhas frente a esta característica? Como professor na área das ciências humanas,  basicamente, minha missão seria formar o lado cidadão dos seres humanos sentados serial e logicamente na minha frente durante três horas e vinte minutos (quatro horas-aula) semanais (mas essa escrotidão é outro tema). A resposta fácil é senso comum: "Se você quer mudar a sociedade você tem que mudar as pessoas e a educação é a ferramenta para isso". Deixe-me contar uma coisa, campeão: A educação formal é um barco furado indo pra lugar nenhum. Ela está engessada em um modelo do século XIX e, apesar das constantes reformas, vale mais a pena derrubar tudo e construir novamente (mas essa escrotidão é outra discussão). Enfim, o professor pode fazer pouco nesse sentido, e este pouco, segundo meus vastos e completos conhecimentos sobre psicopedagogia e neurociência (com valor nulo que tende ao negativo) e minha curta experiência, vem mais da convivência professor-escola-aluno do que de algum conteúdo apresentado. Como exemplo, é fácil mostrar como a história do negro no Brasil é marcada por concepções e atitudes erradas e injustas, mas para a criança entender que racismo é errado, funciona melhor dizer isso pra ela no intervalo, comendo um lanchinho. O exemplo, as interações sociais, vencem facilmente a aula.
E, se na aula explicamos ética, no social explicamos a vida como ela é. Tudo é permitido, desde que você não seja pego. Citando um aluno: Ética? hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha

Pra que isso!?

A internet ainda é um local de livre expressão e, mais importante, não tem sequestro. Posso concluir então que você entrou aqui por livre e espontânea vontade, ou por engano, que dá quase na mesma. Enfim, vamos ao que interessa:

ISSO AQUI É PRA SER UMA PRIVADA. Mas uma privada limpinha. Aqui, irei defecar os sapos que eu engulo diariamente. Esperem palavrões como formas de expressão corriqueiras. Se não quiserem ler palavrões, acessem a versão boca limpa aqui

ISSO AQUI É PRA SER INTELIGENTE. Não de forma acadêmica, mas mulas serão denunciadas.

ISSO AQUI É PRA SER UM ESPAÇO DE DISCUSSÃO. Provavelmente falharei miseravelmente neste intento, já que ninguém vai ler, mas ideias opostas serão bem vindas.

Por fim, o nome do blog se deve à profissão de quem vos escreve. Eu sou professor.