terça-feira, 6 de agosto de 2013

Síndrome do pequeno poder (Se me derrubar é penalti) - Parte II

Comecei este texto de uma maneira diferente, mais didática, tentando discutir conceitos, mas falhei miseravelmente, não por falta do que dizer, mas por conta de que o tipo de linguagem não expressa, ao menos de uma forma fiel, as frustrações envolvidas naquilo que me levou a escrever. Por outro lado, algo que expressaria de forma perfeita seria um singelo "vai tomar no cu", e, realmente, será necessário algum esforço para não parar por ai. Mas chega de metalinguagem. Vamos ao que interessa.

Esses tempos apareceu em minha casa uma tirinha, que em muitos pontos será útil:


Algo que tenho em comum com Sócrates é o fato de ser chato pra caralho. Em um teste na faculdade fui definido com o perfil "analítico" e sem presunção alguma, acho que ele me cabe bem. Muito mais que um interesse pessoal nas coisas eu gosto de criar regras para explicar as coisas que acontecem, tentar deduzir a mecânica, em especial daquilo que me afeta. Gosto particularmente das relações sociais. Pra certos pontos adquiri algum conhecimento em métodos, mas na maior parte das coisas eu falo merda mesmo, conscientemente. 
Dentre as relações que me intrigam, uma das principais é a síndrome do pequeno poder. Na minha opinião, toda forma de estratificação, de opressão, em qualquer nível, é síndrome do pequeno poder. Tem doutorado mas faz coco igual a qualquer um? Então ponha-se no seu lugar. Presidente dos Estados Unidos? Come uma coxinha estragada pra ver sua real importância. Deu pra entender? Não que eu seja absolutamente avesso a hierarquia, em especial quando ela faz as coisas funcionarem melhor. Veja bem, hierarquia é uma relação entre sujeitos iguais em funções diferentes, em uma sequencia democrática de organização e tarefas definidas, pra um fim específico. Mesmo nas "comunidades tradicionais" ela existe. O indígena mais experiente orienta os mais novos na caçada. Marx, mesmo morto, acaba de ter um derrame. Foda-se. Opressão é outra coisa. Opressão pressupõe que o limite da liberdade alheia seja ultrapassado. Como diria vovó, quem quer faz, quem não quer, pede.
Mas o que a educação tem a ver com esta merda? Tudo lindão. E isso é preocupante pra caralho, devido ao papel ATRIBUÍDO a ela na nossa sociedade. Cabe a pausa: a educação é superestimada, mas depois falamos nisso. Vejamos a cadeia da opressão na educação. O governo, interessado em índices (muitas vezes tirados da cartola ou forjados nas universidades) oprime o sistema educacional. O supervisor oprime o diretor, que oprime o coordenador que oprime o professor que oprime o aluno, que no fim das contas é o único que não escolheu estar ali. O currículo (também forjado nas universidades) oprime o sistema educacional. Engraçado lembrar que o professor veio da universidade. É uma putaria. É isso a tal "pedagogia do oprimido"?
E isso nos remete novamente a finalidade da educação: ensinar! Não, não é, sob uma perspectiva lógica. Como é que alguém pode definir o que deve (e por consequência, o que não deve) ser aprendido?  O que define a utilidade de um conhecimento na subjetividade da vida de alguém? O próprio fato de eu me prostrar na frente de um aluno, durante um número determinado de dias, etc, etc, dizendo aquilo que ele deveria, segundo a minha percepção, saber, não é opressor? Dar nota! Olha que merda estamos fazendo com nossas crianças! É imoral levar seu filho para a escola. Toda essa noção parte do pressuposto de que existe um padrão a ser seguido, os tais conhecimentos mínimos para se enquadrar na sociedade, ou, em outras palavras, para dar sequencia a esta embosteada toda. Não haverá nenhuma mudança na sociedade que não passe pelo fechamento e proibição de todas as escolas (ao menos no modelo que aí está).
A solução? Tenho um palpite. Voltemos à Grécia. Voltemos à academia grega. O homem é curioso por natureza. Voltemos a Sócrates.

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