terça-feira, 14 de maio de 2013

Síndrome do pequeno poder (ou "a educação serve pra nada", parte I)

Vivemos no país do jeitinho. Essa é uma cultura escrota de um país escroto. Vou explicar a minha definição completa da sentença. Nosso país escroto é escroto e injusto. Aqui, ao contrário do primeiro mundo, a vida não é fácil pra ninguém. Game over é game over e não tem continue. Nos EUA, por exemplo, nego chega atrasado no trabalho e é mandado embora. Depois de várias dessas, ele vai pro emprego mais escroto conhecido por lá: caixa do MacDonalds.
Só que lá, no primeiro mundo, o caixa escroto do MacDonalds ganha o equivalente a 2000 reais por mês. MAIS DO QUE O PORRA DO PROFESSOR QUE VOS FALA!
Aqui não. Não dá pra maioria pagar uma multa de trânsito sem comprometer em algum nível a renda familiar. Aí, compensa mais molhar a mão do guarda. Uma lição que o brasileiro aprende desde pequeno é "em chuva de piroca, pega a menor e senta". E isso se aplica a tudo. É a política do mal menor. Do menor esforço. Gasta-se maior tempo pensando na desculpa a ser dada do que tentando fazer a coisa certa.

Aí entra a educação, que, no meu caso, importa

Como educar nossas criancinhas frente a esta característica? Como professor na área das ciências humanas,  basicamente, minha missão seria formar o lado cidadão dos seres humanos sentados serial e logicamente na minha frente durante três horas e vinte minutos (quatro horas-aula) semanais (mas essa escrotidão é outro tema). A resposta fácil é senso comum: "Se você quer mudar a sociedade você tem que mudar as pessoas e a educação é a ferramenta para isso". Deixe-me contar uma coisa, campeão: A educação formal é um barco furado indo pra lugar nenhum. Ela está engessada em um modelo do século XIX e, apesar das constantes reformas, vale mais a pena derrubar tudo e construir novamente (mas essa escrotidão é outra discussão). Enfim, o professor pode fazer pouco nesse sentido, e este pouco, segundo meus vastos e completos conhecimentos sobre psicopedagogia e neurociência (com valor nulo que tende ao negativo) e minha curta experiência, vem mais da convivência professor-escola-aluno do que de algum conteúdo apresentado. Como exemplo, é fácil mostrar como a história do negro no Brasil é marcada por concepções e atitudes erradas e injustas, mas para a criança entender que racismo é errado, funciona melhor dizer isso pra ela no intervalo, comendo um lanchinho. O exemplo, as interações sociais, vencem facilmente a aula.
E, se na aula explicamos ética, no social explicamos a vida como ela é. Tudo é permitido, desde que você não seja pego. Citando um aluno: Ética? hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha

Um comentário:

  1. Pode ser que o modelo educacional tradicional e arcaico seja falho, porém acho que o liberalismo (a parte social) tende a ser confundido com libertinagem, levando a um caos que apenas distorce os parâmetros básicos de comportamento e aprendizagem.
    Creio que o ÚNICO caminho para um aprendizado literal é a retidão e disciplina.
    O comportamento humano exige repetições para aprender algo e parâmetros para comportamento social. Por isso os orientais se sobressaem em muitos aspectos, possuem uma retidão irrepreensível e valores que há muito (se já tivemos isso nesse país-prisão) não são sequer citados, como honra, família e etc.
    Aqui, simplificam os conceitos para controle geral, nivelam por baixo e os distorcem sob a desculpa de que "o mundo está mudando, temos de mudar com ele". A educação era melhor na Ditadura, por pior que possa ter sido.

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