sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Haters gonna Hate - Falemos de FUTEBOL

Antes de mais nada, uma imagem para que algumas coisas fiquem claras. Talvez isso possa gerar interpretações equivocadas, mas vamos ajudar a enfiar o sofisma no cu.

Demarcados os territórios, vamos falar de futebol.

Recentemente um jogador da Scória Cretina Cocorinthians Paulista se envolveu em uma polêmica ao publicar na rede uma foto com, segundo ele, demonstrações socialmente inusitadas de amor fraterno (de uma sociedade de merda, fique claro). Após manifestações de torcedores, nobres bacharéis, numa segunda feira à tarde (trampar nem fodendo, né çangue?), o jogador respondeu pedindo respeito, igualdade e discernimento. Palmas. Só que não.
Como entidade, a Scória Cretina Cocorinthians Paulista definiu-se como o time do povo, do iletrado, da galera, do Lula... Neste sentido, em partes, ela segue o discurso deste público, que eu vi ser definido muito satisfatoriamente estes tempos (Salvo melhor lembrança, por Vladmir Safattle no provocações). Pobremente é assim: embora a força das circunstancias traga a convivência quase forçada, mas na prática democrática, o discurso é extremamente o oposto. É o "nada contra o viado, mas meu filho não". Deixo claro que isso não é exclusivo do povão, mas no fim das contas é de se esperar que a falta de oportunidades não favoreça a visão crítica sobre o outro. Que seja. Se o Florinthians não é abertamente homofóbico, ao menos não faz nada em relação ao problema. Em certos casos até estimula a "brincadeira sadia entre os torcedores". Ai encontramos a primeira unha encravada. Frente ao fato, o clube não se pronunciou. Ficou observando "por cima do muro". E o muro, caríssimos, como conta a fábula cristã, é do capeta. Puta hipocrisia também do torcedor médio, que costuma se refastelar com piadinhas de sampaulino (a grafia está certa, tenho provas) viado, que não viu o próprio rabo e agora tá sem graça.
Juca Kfouri. A algum tempo, em algum lugar onde ele escreva, apareceu um texto propondo que o São Paulo, em nome do exemplo social, adotasse o mascote bambi, simbolizando a visão progressista tão necessária à sociedade. Da escória? Até agora, que seja do meu conhecimento, só uma fotomontagem sem vergonha. Com o perdão da ironia, ser liberal no cu dos outros é refresco.
Mas não é apenas somente isso. Hoje, com tendencias novelescas, o protagonista dessa cretinice voltou para o armário cantando "a volta do boêmio". Relinchou

"Peço desculpas aos que se sentiram ofendidos pela brincadeira que fiz com um amigo. Não tive a intenção de ofender ninguém e muito menos a nação corintiana. Vou continuar honrando a camisa corintiana assim como tem sido nos últimos anos. Vai Corinthians!"  

"Não poderia ter feito isso, foi sem intenção, mas jogo em um clube de futebol, em um mundo cheio de rivalidades e provocações, qualquer comentário é motivo de chacota". 
"Lamento se ofendi a torcida do Corinthians, não foi a minha intenção. Foi só uma brincadeira com um grande amigo meu, até porque eu não sou são paulino".

E agora, fiel torcida? E agora ativistas gays? E agora fieis ativistas gays?

É óbvio que qualquer debate sobre a relação entre homossexualidade e esporte vai a lugar algum. Muito antes disso, é necessário que exista um debate sobre a homossexualidade, e que ele chegue a algum lugar.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Síndrome do pequeno poder (Se me derrubar é penalti) - Parte II

Comecei este texto de uma maneira diferente, mais didática, tentando discutir conceitos, mas falhei miseravelmente, não por falta do que dizer, mas por conta de que o tipo de linguagem não expressa, ao menos de uma forma fiel, as frustrações envolvidas naquilo que me levou a escrever. Por outro lado, algo que expressaria de forma perfeita seria um singelo "vai tomar no cu", e, realmente, será necessário algum esforço para não parar por ai. Mas chega de metalinguagem. Vamos ao que interessa.

Esses tempos apareceu em minha casa uma tirinha, que em muitos pontos será útil:


Algo que tenho em comum com Sócrates é o fato de ser chato pra caralho. Em um teste na faculdade fui definido com o perfil "analítico" e sem presunção alguma, acho que ele me cabe bem. Muito mais que um interesse pessoal nas coisas eu gosto de criar regras para explicar as coisas que acontecem, tentar deduzir a mecânica, em especial daquilo que me afeta. Gosto particularmente das relações sociais. Pra certos pontos adquiri algum conhecimento em métodos, mas na maior parte das coisas eu falo merda mesmo, conscientemente. 
Dentre as relações que me intrigam, uma das principais é a síndrome do pequeno poder. Na minha opinião, toda forma de estratificação, de opressão, em qualquer nível, é síndrome do pequeno poder. Tem doutorado mas faz coco igual a qualquer um? Então ponha-se no seu lugar. Presidente dos Estados Unidos? Come uma coxinha estragada pra ver sua real importância. Deu pra entender? Não que eu seja absolutamente avesso a hierarquia, em especial quando ela faz as coisas funcionarem melhor. Veja bem, hierarquia é uma relação entre sujeitos iguais em funções diferentes, em uma sequencia democrática de organização e tarefas definidas, pra um fim específico. Mesmo nas "comunidades tradicionais" ela existe. O indígena mais experiente orienta os mais novos na caçada. Marx, mesmo morto, acaba de ter um derrame. Foda-se. Opressão é outra coisa. Opressão pressupõe que o limite da liberdade alheia seja ultrapassado. Como diria vovó, quem quer faz, quem não quer, pede.
Mas o que a educação tem a ver com esta merda? Tudo lindão. E isso é preocupante pra caralho, devido ao papel ATRIBUÍDO a ela na nossa sociedade. Cabe a pausa: a educação é superestimada, mas depois falamos nisso. Vejamos a cadeia da opressão na educação. O governo, interessado em índices (muitas vezes tirados da cartola ou forjados nas universidades) oprime o sistema educacional. O supervisor oprime o diretor, que oprime o coordenador que oprime o professor que oprime o aluno, que no fim das contas é o único que não escolheu estar ali. O currículo (também forjado nas universidades) oprime o sistema educacional. Engraçado lembrar que o professor veio da universidade. É uma putaria. É isso a tal "pedagogia do oprimido"?
E isso nos remete novamente a finalidade da educação: ensinar! Não, não é, sob uma perspectiva lógica. Como é que alguém pode definir o que deve (e por consequência, o que não deve) ser aprendido?  O que define a utilidade de um conhecimento na subjetividade da vida de alguém? O próprio fato de eu me prostrar na frente de um aluno, durante um número determinado de dias, etc, etc, dizendo aquilo que ele deveria, segundo a minha percepção, saber, não é opressor? Dar nota! Olha que merda estamos fazendo com nossas crianças! É imoral levar seu filho para a escola. Toda essa noção parte do pressuposto de que existe um padrão a ser seguido, os tais conhecimentos mínimos para se enquadrar na sociedade, ou, em outras palavras, para dar sequencia a esta embosteada toda. Não haverá nenhuma mudança na sociedade que não passe pelo fechamento e proibição de todas as escolas (ao menos no modelo que aí está).
A solução? Tenho um palpite. Voltemos à Grécia. Voltemos à academia grega. O homem é curioso por natureza. Voltemos a Sócrates.

sábado, 3 de agosto de 2013

Estudos Aplicados de Antropologia à Moda Caralha: O Chato



Introdução

Sou uma pessoa paciente e otimista. Apesar de uma certa pose, tenho a tendencia geral de demorar em demasia para aplicar o amor próprio e mandar alguém tomar no cu por mérito. Em certos casos, na maioria esmagadora, isso não acontece e não creio que acontecerá (o que significa que posso estar falando de você). Dia desses, exercitando a minha bondade, surgiu a necessidade imperativa de redigir o que segue, seguida da preguiça que trouxe a demora para isso. Enfim, decidi mudar o tema geral do blog durante essa postagem, que tratará de estudos fundamentados em duas décadas e meia de profundas pesquisas antropológicas com base no puro achismo e nas experiencias pessoais desta mula que vos escreve.

Características Gerais

A chatice é uma característica presente em toda a humanidade. Todo ser humano tem o seu lado chato, que se apresenta em determinados momentos, através de uma série de comportamentos definidos socialmente como inapropriados. Esta definição é sobretudo subjetiva, o que impossibilita uma análise mais aprofundada e uma definição mais sólida. Determinadas realizações poder ser e não ser chatas, variando conforme o vetor, o ambiente, o contexto, etc. Não é sobre isso que a discussão presente tratará. Para além do comportamento chato ocasional, existem aqueles que fazem da chatice uma realidade objetiva. Se houver, e aponto a hipótese a ser estudada por profissionais competentes, uma razão inatista para a chatice, apontamos para sub-espécies humanas (homo sapiens vidulus), que batizarei a seguir.
Como um bom observador percebeu, não existe apenas uma modalidade de chato. Ainda assim, algumas características são comuns a todos os arquétipos, o que sugere diretamente a relação que os define como chatos:

- Os chatos causam profundo mal estar. Esta é a característica fundamental do chato, cuja existência é definidora do diagnóstico. Segundo o Centro Brasileiro de Estudos Holístico-Sociais (CBEHS - pronuncia-se kbearhgsf) o fator causador deste fenômeno se relaciona à aura alaranjada que causa ressonância com os chakras, desestabilizando o controle psicológico do indivíduo. Tal fenômeno mostra-se presente em especial em distâncias entre 100 e 30m, quando áreas do cérebro responsáveis pelo processamento da linguagem são prejudicadas (é este o motivo pelo qual, ao avistar o chato chegando a tendencia é dizer algo como "Ah não. O que este filho da puta está fazendo aqui") e seu ápice se dá a parir do contato social direto.

- Os chatos dominam formas inconscientes de hipnose. É esta a razão pela qual não se consegue dispensar um chato. Os demais indivíduos tem graus diferentes de resistência à esta habilidade mas ninguém fica completamente imune. O processo se dá pelo estímulo ao sentimento de culpa da vítima e por uma promoção de um retardamento mental. Assim, a vítima se sente obrigada a justificar a sua atitude negativa em relação ao chato e tem severas dificuldades em inventar motivos. Neste caso, mostram-se comuns frases como "preciso ir porque deixei minha carpa sozinha em casa".

- Os chatos são caçadores específicos. Eles, baseados em suas habilidades inatas, sabem escolher suas vítimas dentre os mais suscetíveis, de forma a causar o maior dano no maior tempo possível. Isso sugere uma característica evolutiva clara na chatice.

- Os chatos tem sempre tempo, assunto e disposição. Acredita-se que isto se deve ao fato de o chato absorver de suas vítimas tais bens imateriais.

Espécies de chato 

Homo Sapiens vidulus-babysaurus

O primeiro tipo de chato a ser tratado é o chato babysauro. Este chato pode ser também chamado de chato inocente ou falso gente boa. Seu lema de vida é "você tem que me amar" e é esta a característica principal de sua chatice, baseado em um profundo egocentrismo e uma visão pessoal patológicamente positiva. Parte-se do princípio de que não há um motivo inicial para odiar este chato. Segundo a lógica sofismática maniqueísta presente nesta espécie, por consequência direta ele é merecedor de sua amizade. Mais ainda, é pressuposto deste chato que esta amizade sincera e forte já existe. Como é recorrente com este tipo, surgem assuntos inapropriados, confissões sinceras, pedidos de favores e em casos críticos, de dinheiro.

Homo Sapiens vidulus-fluminensis

Ha muita confusão entre o chato babysauro e o chato janeiropolitano, mas as diferenças são claríssimas. Enquanto o primeiro é inocente, o segundo é claramente motivado pela vilania. Seus métodos são extorsivos, baseado em uma visão pessoal de poder, pelas quais ele busca vantagens. Sua atenção é a meta, mas no caminho qualquer coisa que ele puder obter é pleiteada. Atenção fumantes: vocês são vítimas em potencial desta espécie. Seus métodos são baseados também em uma ilusão de amizade, mas neste caso existe uma relação fantasiosa de poder ou de dívida.

Homo Sapiens vidulus fila-busu

Esta é uma espécie muito especial de chato, pois seus métodos de "caça" são muito diferenciados. Este é um chato oportunista, que costuma frequentar locais específicos em busca de suas vítimas que, na maior parte das vezes, são ocasionais. Utilizando seus apuradíssimos sentidos e prostrando-se em filas, pontos de ônibus e praças com grande circulação de pessoas, o fila-busu encontra os indivíduos menos resistentes e inicia, a revelia de quaisquer resistências, um assunto. Quando a vítima percebe, está assistindo uma palestra sobre as relações familiares de pessoas cuja existência foda-se, ou algo do tipo. É importante ressaltar que este contato gera hipinoticamente uma relação com o chato, abrindo precedentes para que em um outro encontro ocasional exista novamente o ataque. Dados sugerem que a idade tende a aperfeiçoar a habilidade do fila-busu.

Homo Sapiens vidulus-ista

Em tempos democráticos, o desenvolvimento da chatice do ista tem se alastrado. Este chato é qualquer coisa-ista: comunista, pagodista, punhetista, embora a chatice não resida na qualidade e sim no grau. Assim, escolhida a característica do chato ele passa a adotar comportamentos alucinados  e repetitivos em relação ao seu objeto de adoração, tornando-o sua única fonte, motivo pelo qual também é conhecido como chato-triângulo (em referencia ao instrumento de uma nota só). Além disso, este chato tende a ser radical e polêmico nas opiniões sobre seu assunto, as quais ele faz questão de enunciar de forma sistemática o maior número de vezes possível. Este é um tipo tão perigoso que, por vezes ocorre de dois membros ista com temas opostos se encontrarem engalfinhando-se em debates cujo alcance e finalidade são até hoje um mistério. São facilmente encontrados em movimentos sociais, torcidas organizadas e na internet, mas podem estar em qualquer lugar.

Homo Sapiens vidulus-S Claus

Eis o famoso chato papai noel. Absolutamente nada que sai da boca deste chato é verdade. Embora a mentira seja um comportamento social não aceitável, não é este o problema desta espécie. Suas mentiras são tão óbvias que até um babuíno perceberia, e, na maior parte das vezes são inofensivas. Sua chatice tem base exatamente no fato de a mentira ser constante e repetitiva, ocasionalmente acompanhada de sinais físicos que denunciam mais ainda a atitude surrealista.

Homo Sapiens vidulus-competidor

Esta é uma especie de chato capaz de causar danos profundos à consistência escrotal da vítima. Seus métodos são, até certo ponto, parecidos com os demais  mas a sua chatice define-se sobretudo na capacidade de fazer comparações que envolvem praticamente tudo. Assim, o vidulus-competidor imagina-se como um super-homem, e vê o mundo como uma gigantesca gincana, onde sua necessidade patológica de atenção se demostra através de uma busca por admiração. Desta maneira, este chato sempre é melhor ou tem mais que você. Uma das poucas táticas de defesa contra os chatos já desenvolvida se refere a este tipo: diga-lhe que comeu 100g de merda. A mitomania também é um traço que se mostra forte neste chato, já que muitas vezes ele utiliza-se da criatividade quimérica para justificar sua fantasiosa superioridade. Este fato faz com que ele seja considerado por alguns como uma derivação do S Claus.

Homo Sapiens vidulus-multi

Esta subespécie perigosa combina e multiplica as habilidades e a chatice de duas ou mais subespécies de chato.